Qual a função do tratamento preliminar?

27/06/2022 0 Por biovalle
Qual a função do tratamento preliminar?

O tratamento preliminar é a etapa do tratamento de efluentes mais esquecida no dia a dia das estações de tratamento de efluentes. Em muitos casos, é ignorada até na etapa de projeto do sistema.

Função do tratamento preliminar

A função do tratamento preliminar é a remoção de sólidos grosseiros. Uma vez que estes materiais podem provocar o entupimento de tubulações, danos em bombas e outros equipamentos da estação além de reduzir a confiabilidade de todo o processo.

Em contrapartida, a eficiência na remoção de carga orgânica é bastante baixa, ficando na faixa de 0 a 5%, segundo Von Sperling. Em outras palavras, o tratamento preliminar visa mais a proteção dos elementos da estação do que a diminuição da carga orgânica propriamente dita.

De maneira análoga, o tratamento preliminar é o Equipamento de Proteção Individual (EPI) da Estação de Tratamento pois, embora não contribua para a execução do trabalho propriamente dito, garante que esse ocorra de maneira segura ao trabalhador, aqui representado pela ETE.

A remoção dos sólidos grosseiros ocorre por mecanismos físicos, como grades e peneiras. Para fins de projeto a escolha do tipo de equipamento a ser utilizado deve levar em consideração: (1) o nível de remoção necessária; (2) Saúde e segurança dos trabalhadores, uma vez que os materiais retidos podem conter microrganismos patogênicos; (2) Potencial de geração de odores; (3) requerimentos para manejo do resíduo; (4) disposição final empregada ao material removido.

Abaixo, segue a descrição sucinta de cada equipamento utilizado em estações.

Grades

As grades são os dispositivos mais comumente utilizados no tratamento preliminar. Podem ser compostas por barras paralelas, grades, arames trançados ou placas perfuradas.

As grades são classificadas de acordo com a dimensão do material removido em grades grossas (4 a 10 cm de espaçamento), grades médias (2 a 4 cm de espaçamento) e grades finas (1 a 2 cm de espaçamento).

Quanto a forma de limpeza, as grades podem ser manuais (Figura 1) ou automáticas (Figura 2), sendo que a automação da limpeza se torna mais necessária com a diminuição do espaçamento das grades.

Figura 1 – Grade de limpeza manual (Fonte: ECOSAN, 2022)
Figura 2 – Grade de limpeza automática (Fonte: ECOSAN, 2022)

Peneiras

As peneiras também são dispositivos utilizados na remoção de sólidos. Possuem melhor capacidade do que as grades para remoção de sólidos finos, uma vez que o espaçamento entre as telas é menor (0,5 mm a 1,5 mm), de modo que, em alguns casos, pode fazer parte do próprio tratamento primário substituindo o decantador primário. As informações básicas para escolha da peneira são:

  • Identificação do material a ser filtrado e suas dimensões;
  • Vazão de operação;
  • Abertura de tela;
  • Material de tela.

Com relação ao funcionamento as peneiras podem ser estáticas ou rotativas.

Nas peneiras estáticas a tela é mantida inclinada enquanto o líquido é direcionado contra a sua superfície. O material aquoso permeia pelos furos enquanto que o sólido grosseiro tende a ficar retido na tela, sendo removido pela própria ação da gravidade, conforme Figura 3.

Figura 3 – Peneira estática (Fonte: MCL VALE, 2022)

Há ainda a opção de peneiras estáticas autolimpantes, como pode ser visto na Figura 4. Nesse caso, a peneira possui um raspador que realiza a remoção dos materiais da tela.

Figura 4 – Peneira estática autolimpante (Fonte: MCL VALE, 2022)

A peneira rotativa (Figura 5) é um dispositivo mecanizado dotado de um cilindro rotativo, em aço inox. O movimento rotacional combinado com a presença de raspadores fixos, garantem a remoção contínua dos sólidos filtrados. Evitando, assim, o entupimento da peneira.

Figura 5 – Peneira rotativa (Fonte: ENVIRONQUIP, 2022)

Conclusão

A escolha do equipamento a ser utilizado no tratamento preliminar, embora simples, deve ser feito com muito cuidado, pois, escolhas erradas nesta primeira etapa podem comprometer o desempenho do resto da estação gerando maiores gastos de manutenção e adequação no futuro.

Referências